terça-feira, 9 de março de 2010

A madrugada de Óscares (mais uma)


Uma verdadeira estopada. Diziam que seria o espectáculo televisivo da década, mas apostaram no desaparecimento da dupla de apresentadores - às vezes nem me lembrava quem eram afinal os anfitriões da cerimónia... - e em irritantes interrupções para a apresentação dos dez (!) títulos nomeados para o Óscar de melhor filme. O Óscar honorário foi reduzido a um dos mais forçados standing ovations de sempre e tanto a Bacall como a Corman foi dedicado o mesmo ou até menos tempo que os premiados nas mais esotéricas categorias técnicas. A imagem do produtor a mandar calar os galardoados foi outro momento ultra-decadente. Se o que se quer é entretenimento em continuum então comecem por acabar com as enfadonhas e anti-climáticas interrupções entre prémios. Eu sei que isto seria terrível para os lucros da publicidade, mas seguramente que com menos intervalos o espaço publicitário se iria encarecer e o público não seria tentado a mudar de canal ou adormecer de tédio.

Quanto aos premiados propriamente ditos, who cares? Quer dizer, Bigelow é uma boa realizadora e fez um filme interessante sem dúvida, mas nem aqui se fez a tão prometida "boa televisão". O ano passado tivemos a grande surpresa Sean Penn, este ano foi tudo forçadamente imprevisível. Mas alguém tinha dúvidas que Bigelow não iria ser a vencedora da noite? Quer dizer, depois de Cameron quase ter dito que preferia que esta ganhasse em vez dele e depois de todos ficarem a saber que nunca (heresia!) a Academia premiou uma mulher realizadora - agora há (então, heresia?!) uma -, alguém esperava mesmo outra coisa? Seguramente que quem não esperava, fê-lo na esperança de ser surpreendido, de haver um bom twist à Hollywood. Mas nada disso: até a Sandra Bullock lá recebeu o Óscar, 24 horas depois de ter recebido o indesejado Razzie (e que tal a TVI começar a transmitir a cerimónia de entrega destes prémios? É que estes foram os únicos que deram atenção a uma das obras-primas da década, "Lady in the Water").

Apesar de tudo isto, surpresa, esta cerimónia teve as melhores audiências dos últimos cinco anos. Se calhar o problema está em mim, já que cada ano que passa tenho menos pachorra para aquilo que George C. Scott um dia definiu como uma mera "parada de carne".

1 comentário:

Luís A. disse...

é por essas que ja me deixei de oscars...parada de carne...great scott!:)

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