O que mais nos fascina é a forma como Miguel Gomes abraçou as vidas de pessoas comuns, recrutadas pela equipa de realização - que parece saída de um filme de Takeshi Kitano - para protagonizarem um objecto híbrido, que mistura os artifícios do documentário com uma encantada e encantadora não-ficção. O resultado final deste conto multicolor, entre o real e a fábula etnográfica, parece saltar do ecrã como "coisa viva", real e tangível, que mergulha fundo na vida daquelas pessoas, que são personagens e que são pessoas. Elas existem e nós sentimo-las, mesmo ao som de Marante e mediante sofisticados, quase godardianos, truques de montagem.
E que belos, quase puros e intemporais, que são os momentos em que os dois adolescentes se conhecem e depois se beijam em "contra-luz" e depois se despedem para sempre, num turbilhão de emoções. Miguel Gomes, navegando livre num universo rico em caminhos e possibilidades, é um humanista que sonha acordado na sua própria ficção. "Aquele Querido Mês de Agosto", só a sua segunda longa-metragem, é a fenomenal descoberta de tudo isto... e muito mais.
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