segunda-feira, 16 de junho de 2008

Assault on Precinct 13 (1976) de John Carpenter

Não me considero uma pessoa cheia de certezas, mas ninguém me demove da ideia de que "Assault on Precinct 13" (1976) é simplesmente um dos melhores filmes de sempre. Ponto. Foi a primeira obra de referência do maior cineasta vivo, John Carpenter, e funciona como o mais perfeito embrião de toda uma filmografia.

Sob influência das matrizes clássicas de Hollywood, o cinema de John Carpenter mistura a cadência de um Howard Hawks com uma visão desoladora sobre o presente-futuro da huma­nidade. As suas personagens encon­tram-se habitualmente confinadas a espaços claustrofóbicos e expostas a uma ameaça constante e indeterminada.

O medo é filmado através da sugestão e o ini­migo é quase sempre inde­finido: ele tanto pode morar lá fora como dentro de nós. A ideia de que o homem alimenta, autofagicamente, o seu próprio o fim faz escola no cinema de Carpenter - herança de um Anthony Mann?

Na senda de tudo isto, a história de "Assault on Precinct 13" desponta em quatro direc­ções: um polícia presta-se a assegurar o encerramento de uma esquadra; um carro com perigosos marginais anda à deriva pela cidade; um presidiário de alto risco, de nome Napoleon Wilson, é transferido entre duas esquadras; um pai e a sua filha circulam nas estradas sempre inseguras de Los Angeles.

O cenário é de convulsão: os tiroteios envolvendo a policia e gangs armados repetem-se e o risco de se mergulhar na total anarquia intensifica-se (não vamos por aí, mas não será por acaso que um dos "terroristas" do filme tenha na cabeça uma boina à Che Guevara... - deixamos escapar esta, estás perdoado Carpenter). O homicídio totalmente arbitrário daquela menina inocente, que apenas queria comer o seu gelado, é o "acender de pólvora" de toda a narrativa. Espécie de episódio-charneira que liga as pontas soltas da história.

As referências ao western são evidentes: desde a forma como Carpenter filma as movimentações rumorejantes do gang, a lembrar os índios de John Ford, até à virilidade que Carpenter inculca na personagem de Napoleon Wilson, próxima da de um John Wayne. Acima de tudo, "Assault on Precinct 13" marca a pri­meira desconstrução do clássico "Rio Bravo" (1959) por Carpenter (depois deste, fez vários "filmes de cerco", de "The Thing" a "Pro-Life", um dos dois filmes que realizou para a série de terror "Masters of Horror", passando pela sua última obra-prima, "Ghosts of Mars").

Em "Assault on Precinct 13", estamos no auge do cinema atmosférico, próximo do terror, de um equi­líbrio visual intocável, com uma câmara clássica, plena de elegância e robustez, auxiliada pelo formato scope, que empresta à história um horizonte visual único. O trabalho de realização está também em perfeita sintonia com a trilha sonora que, como se tornou regra no seu cinema, é composta pelo próprio John Carpenter: minimal, agressiva e absolutamente viciante.

Ler mais aqui: IMDB.

2 comentários:

Tiago Gomes disse...

O melhor filme de Carpenter e um dos melhores filmes de sempre. Digo sem medo de falhar, uma OBRA-PRIMA.

David Santos disse...

Obra Prima e o inicio de uma grande carreira

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