domingo, 17 de outubro de 2010

Avalanche Express (1979) de Mark Robson


Há filmes em que tudo parece correr mal. "Avalance Express" é um case-study neste âmbito. Um dos seus actores principais, Robert Shaw, estava tão doente que a sua voz mal se ouvia; logo, foi preciso dobrar grande parte das suas falas. Shaw acabou por falecer durante o período de rodagem do filme tal como, imagine-se, o seu realizador, o conhecido Mark Robson. Monte Hellman terá entrado em cena para compensar o repentino desaparecimento do principal homem por trás deste filme de acção sobre o mundo da espionagem da guerra-fria, "Avalanche Express".

O resultado foi, e continua a ser, muito desvalorizado. De facto, os buracos narrativos são muitos, as incongruências podem raiar o absurdo, mas "Avalanche Express" é, quanto a mim, um divertido filme falhado, acidentado na produção e acidentado na história que conta: concentrada num comboio que atravessa a Europa com um isco a bordo: um general soviético que desertou a favor dos Americanos. Lee Marvin é o agente norte-americano que arquitecta a missão com o seu quê de suicidária: ah os soviéticos querem silenciar o seu general desertor? Pois bem, come and get him! Pômo-lo, aparentemente vulnerável, num comboio e chamamos a si todos os espiões russos espalhados pela Europa. A partir daqui, os soviéticos fazem de tudo para deter a locomotiva, desde sabotagens da linha até, daí o título, provocarem uma terrível avalanche que ameaça varrer o comboio do mapa.

Claro que o assunto se resolvia, rapidamente, com armamento pesado, mas os soviéticos - e os americanos - foram feitos para este jogo gato-rato. Enfim, inverosímil, mas divertido q.b., mas, sem dúvida, com potencial para muito mais... Imaginamos como seria este filme refeito por um Tarantino ou mesmo por um Carpenter. Com mais violência, magotes de soviéticos mortos-vivos ou não, estratagemas (ainda mais) loucos para parar o comboio do duro de roer, do "sacana sem lei", Lee Marvin... A parte em que os americanos resolvem virar "terroristas" para acabar com o inimigo poderia, hoje, ser elevada a parábola política sulfurosa, cara a qualquer um dos nossos maiores génios (pós-modernos) da Sétima Arte. Como um simpático "filme falhado" nos pode pôr a divagar!

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