quinta-feira, 10 de abril de 2008

'Je vous salue, Marie' (1985) de Jean-Luc Godard

'Eu Vos Saúdo, Maria' é um filme que, mais proximamente, se poderá relacionar com essa maravilhosa abstração simultaneamente hipnótica e exasperante chamada "Elogio do Amor". Apesar do fundo revisionista do episódio da virgem impregnada, que tanto escândalo semeou na época, esta obra de Godard é, acima de tudo, um hino à condição feminina.

O corpo que engravida, por acção dos céus (da lua e do sol), sem permissão da virgem, está na génese de um drama feminino real: em primeiro plano está Maria, a revolta e o corpo martirizado, só depois aqueles que a rodeiam (entre eles, José e Julieta). O filme está repleto de belíssimas imagens (algumas delas quase divinais) e Godard aplica-as a uma história que não viveria sem elas.

Ou melhor, o cinema sempre difícil de Godard parece sofrer de uma condição: a sua fortíssima veia estética mais os seus diálogos existencias, por vezes herméticos e vagos, confundem-se muitas vezes com intrusão intelectual, mas a verdade é que, ao mesmo tempo que nos revolta e agride, a sua arte também interroga (os espectadores e o cinema). Será justo pedir mais?

Ler mais aqui: IMDB.

1 comentário:

Carlos Pereira disse...

Experiência transcendental, como sempre em Godard.

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