Raramente os remakes resultam, já sabemos isso. Neste caso, quanto a nós, havia, pelo menos, duas hipóteses: apostar numa recriação, sobretudo formal, do original ou transportar alguma da sua acutilância para uma narrativa nova, ainda mais adaptada aos nossos dias (como o que aconteceu no "The Manchurian Candidate" de Jonathan Demme).
No caso de "All the King's Men", a aposta certa seria a primeira, porque, como dissemos, e repetimos, o filme de Rossen podia ter sido feito hoje: o retrato que faz do mundo da política é dos mais desassombrados da Sétima Arte. Contudo, ao mesmo tempo, também a realização de Rossen é de uma modernidade extraordinária, facto que complica ainda mais o desafio de um remake.
Gostamos de ver a actualidade do filme de Rossen premiada, mas esta versão de "All the King's Men" ("O Caminho do Poder", em português) é quase terrorista: lança, sem pedir licença, o título de uma obra-prima para a lama. Em primeiro lugar, é esteticamente horrenda: a fotografia parece ser excessivamente retocada a computador e as opções de câmara são de uma previsibilidade atroz. Em segundo lugar, comete a proeza de transformar uma montagem simples e equilibrada numa completa salganhada, repleta de flashbacks e flashforwards que só baralham.
Em terceiro lugar, é sentimentalista, quando tinha obrigação de ser tão ou mais político quanto o original. Em quarto lugar, os actores estão péssimos muito por culpa de um casting idiota: como é possível porem Sean Penn na pele de Willie Stark? O resultado é, no mínimo, grotesto: espécie de cruzamento entre o atrasado mental de "I Am Sam" (2001) e Mussolini em versão redneck. Importa relembrar que o primeiro Willie Stark foi Broderick Crawford, numa interpretação poderosa que lhe valeu o Óscar da Academia.
Os outros actores também estão parcial ou completamente desasjutados em relação às respectivas personagens: Jude Law intepreta o papel do jornalista que apoia Stark, mas ganha um protagonismo excessivo neste filme, o que acreditamos ser mais fruto da sua aparência do que das suas aptidões enquanto actor; Patricia Clarkson é demasiado velha para desempenhar o papel de assessora; Jackie Earle Haley e Kate Winslet marcam uma presença tão insignificante quanto decorativa, já Mark Ruffalo e Anthony Hopkins, apesar de encarnarem personagens importantes na intriga, não têm sequer minutos suficientes para existirem.
Zaillian revela total falta de tacto: a história nunca chega a arrancar verdadeiramente e quase todas as personagens estão reduzidas a pequenas aparições mal amanhadas, que produzem inflecções abruptas na narrativa. Em suma, este "All the King's Men" é o oposto do filme homónimo que lhe serve de base: piegas, inconsistente e confuso.
Gostamos de ver a actualidade do filme de Rossen premiada, mas esta versão de "All the King's Men" ("O Caminho do Poder", em português) é quase terrorista: lança, sem pedir licença, o título de uma obra-prima para a lama. Em primeiro lugar, é esteticamente horrenda: a fotografia parece ser excessivamente retocada a computador e as opções de câmara são de uma previsibilidade atroz. Em segundo lugar, comete a proeza de transformar uma montagem simples e equilibrada numa completa salganhada, repleta de flashbacks e flashforwards que só baralham.
Em terceiro lugar, é sentimentalista, quando tinha obrigação de ser tão ou mais político quanto o original. Em quarto lugar, os actores estão péssimos muito por culpa de um casting idiota: como é possível porem Sean Penn na pele de Willie Stark? O resultado é, no mínimo, grotesto: espécie de cruzamento entre o atrasado mental de "I Am Sam" (2001) e Mussolini em versão redneck. Importa relembrar que o primeiro Willie Stark foi Broderick Crawford, numa interpretação poderosa que lhe valeu o Óscar da Academia.
Os outros actores também estão parcial ou completamente desasjutados em relação às respectivas personagens: Jude Law intepreta o papel do jornalista que apoia Stark, mas ganha um protagonismo excessivo neste filme, o que acreditamos ser mais fruto da sua aparência do que das suas aptidões enquanto actor; Patricia Clarkson é demasiado velha para desempenhar o papel de assessora; Jackie Earle Haley e Kate Winslet marcam uma presença tão insignificante quanto decorativa, já Mark Ruffalo e Anthony Hopkins, apesar de encarnarem personagens importantes na intriga, não têm sequer minutos suficientes para existirem.
Zaillian revela total falta de tacto: a história nunca chega a arrancar verdadeiramente e quase todas as personagens estão reduzidas a pequenas aparições mal amanhadas, que produzem inflecções abruptas na narrativa. Em suma, este "All the King's Men" é o oposto do filme homónimo que lhe serve de base: piegas, inconsistente e confuso.
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