"We Own the Night" é um filme pensado até ao seu último plano. Sentimos que terá habitado a cabeça de James Gray durante cada um dos 7 anos que passaram sobre o seu anterior filme, o decepcionante "The Yards": o argumento de sua autoria, trabalhado e retrabalhado no sentido de equilibrar o percurso tortuoso e transformador do protagonista, 'Bobby' Green (brilhante Joaquin Phoenix), tem a correspondência lapidar numa realização encorpada, reveladora de uma consistência e graciosidade próprias de um veterano, como, por exemplo, Martin Scorsese, realizador aqui claramente homenageado. Com efeito, as semelhanças com "Taxi Driver" (1976), mas também com "Carlito's Way" (1993) de De Palma, não são acidentais: o próprio Gray sempre assumiu a influência que os movie brats tiveram no seu cinema.
A ideia de Gray é a de filmar a polícia como a "derradeira família" que combate - do lado do bem? "Serpico" (1973) e "Prince of the City" (1981), ambos de Sidney Lumet, disseram-nos que não... - a expansão do mercado da droga, tomado por uma complexa rede de máfias. Entre elas, encontramos as "outras famílias", nomeadamente, a italiana (de Scorsese), a hispânica (de De Palma) e a russa (agora retratada por Gray). Ou seja, "We Own the Night" retrata o crime e o combate ao crime como universos criados na consanguinidade e, por isso, intrinsecamente conflituantes - alguém falou de Coppola?
O elemento desestabilizador no filme é 'Bobby', que, vivendo no limiar desses dois universos, é o órfão e o apátrida; o problema e a solução de "We Own the Night". A complexidade da personagem interpretada por Joaquin Phoenix é um dos elementos que fazem desta subvalorizada obra de Gray muito mais do que um produto de um realizador deslumbrado, "agarrado" às suas próprias idolatrias.
É "um dos", porque, sejamos justos, "We Own the Night" não precisava de muito mais para ser um grande filme do que aquele momento magnificamente filmado em que 'Bobby' regressa para os braços da sua namorada, depois de ter visto o irmão desfigurado na cama do hospital. Ou aqueles minutos em que Gray cria uma das melhores sequências de perseguição automóvel na história recente: real (o CGI foi usado, mas nem se nota...) e siderante como todo o filme.
Ler mais aqui: IMDB.
O elemento desestabilizador no filme é 'Bobby', que, vivendo no limiar desses dois universos, é o órfão e o apátrida; o problema e a solução de "We Own the Night". A complexidade da personagem interpretada por Joaquin Phoenix é um dos elementos que fazem desta subvalorizada obra de Gray muito mais do que um produto de um realizador deslumbrado, "agarrado" às suas próprias idolatrias.
É "um dos", porque, sejamos justos, "We Own the Night" não precisava de muito mais para ser um grande filme do que aquele momento magnificamente filmado em que 'Bobby' regressa para os braços da sua namorada, depois de ter visto o irmão desfigurado na cama do hospital. Ou aqueles minutos em que Gray cria uma das melhores sequências de perseguição automóvel na história recente: real (o CGI foi usado, mas nem se nota...) e siderante como todo o filme.
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