quinta-feira, 3 de julho de 2008

To Catch a Thief (1955) de Alfred Hitchcock

Publico aqui a primeira parte do artigo que escrevi para a revista de Maio e site da Red Carpet

De vez em quando, os realizadores vão de férias e, com eles, levam o seu cinema. É o caso de “To Catch a Thief” (1955) de Alfred Hitchcock, uma screwball comedy, passada na Riviera francesa, sobre crime, sexo e gastronomia. Em certo sentido, trata-se de uma espécie de pausa para a digestão do seu filme anterior, a obra-prima “Rear Window” (1954): o enredo é menos elaborado e o negrume refreado, mas, não nos iludamos, Hitchcock trata este filme como se fosse a pequena pérola escondida na sua filmografia.

De volta ao solarengo Sul de França, destino recorrente nas suas viagens de Verão em família, Hitchcock filmou a história de John Robbie (Cary Grant),“o gato”, um cidadão norte-americano que, antes de se ter tornado membro activo da Resistência Francesa, se celebrizou enquanto ladrão de jóias. O epíteto foi-lhe atribuído devido à forma hábil como trepava telhados – a vertigem só surge em 1958, com “Vertigo” –, para depois surripiar os pequenos tesouros de mulheres bem posicionadas na vida.

Todavia, a calma, que imperou durante alguns anos na vila, é subitamente interrompida por uma série de novos furtos, que, em tudo, espelhavam o modus operandi de “o gato”. De qualquer modo, Robbie insiste em dizer que há muito que não rouba. Com a polícia à perna, Robbie decide fugir para provar a sua inocência. A sua estratégia é simples: procurar antecipar o próximo passo do ladrão, com a ajuda de H. H. Hughson (John Williams), um segurador de jóias. Mas, pelo caminho, será distraído pela beleza inaudita de Frances Stevens (Grace Kelly), uma jovem americana, em França, à procura de marido.

O plot de “To Catch a Thief” surge-nos, assim, como mais uma variação de “The 39 Steps” (1935); isto é, da história, cara a Hitchcock, do falso culpado que se vê obrigado a embarcar numa atribulada viagem para defender o seu bom-nome e provar-se inocente do crime cometido (por norma, homicídio, mas, neste caso, dentro do timbre do filme, trata-se apenas de uma elaborada sucessão de furtos).

A singularidade de “To Catch a Thief” reside, essencialmente, em dois elementos: o aprimoramento do humor dry, inteligente e auto-irónico presente, pontualmente, nalgumas obras de Hitchcock (e que atinge o seu zénite em “The Trouble With Harry”, filme lançado no mesmo ano que “To Catch a Thief”) e a exploração obcecante de um dos mais felizes encontros românticos na história do cinema, entre Cary Grant e Grace Kelly.

Ler mais aqui: IMDB e DVDbeaver.

3 comentários:

spring disse...

O cinema de Hitchcock está recheado de obras-primas e depois há aqueles filmes como "Ladrão de Casaca" que adoramos e aos quais só podemos dar as cinco estrelas da ordem, pelos actores, pelo cineasta, pelo argumento... enfim uma obra-prima:)
Abraço cinéfilo
Paula e Rui Lima

Luís Mendonça disse...

Concordo, sem dúvida.


Já agora, aproveito para deixar aqui um alerta a todos os cinéfilos (deste mundo!): a transcrição da edição DVD do filme da Paramount (ver link DVDBeaver)é verdadeiramente cristalina. Vale a pena espreitar - e comprar, se possível.

Abraços e obrigado pelo comentário

Anónimo disse...

anotei aqui! .DDD

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