sexta-feira, 6 de julho de 2012

Esta coisa dos hotéis não se quererem habitados, esta coisa das câmaras que só querem habitar o inabitável (I)

"Hotel Monterey" (1972) de Chantal Akerman*

"The Innkeepers" (2011) de Ti West

*- Há um conceito estudado por Freud que "trabalha bem" esta aterradora obra-prima feita apenas de planos do interior de um hotel nova-iorquino frequentado, sobretudo, por pobres e marginais. Esse conceito chama-se unheimlich, traduzido normalmente por uncanny (em inglês) ou o estranho/sinistro (na nossa língua), o que é distante e familiar ao mesmo tempo, aquilo que, precisamente por ser familiar, desperta temores profundos - uma sensação de "estranheza" - que não conseguimos traduzir em palavras. Ao habitar o que recusa a habitação - entre paredes que nunca se habituarão a uma presença fixa - a câmara de Akerman não precisa de filmar mais do que aquilo que é universalmente familiar - o interior de um hotel - para agitar os fantasmas que nos habitam o espírito, esses sim, em permanência.

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