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Estamos em meados dos anos 50, num típico subúrbio norte-americano onde vive o casal-modelo, daqueles que a publicidade não se cansa de representar. Jardim arranjadinho, móveis novos, tudo pintado de fresco a branco asséptico. E na vizinhança não há uma nota que destoe, tal como a luz incandescente, sempre intrusiva, claustrofóbica porque inescapável, que invade cada divisão da casa: não há sombras, espaços de escuridão que convidam a outros pensamentos, a outros sonhos.
A luz (Roger Deakins é, de facto, genial) diz que a vida é como nos outdoors da publicidade - uma vida de papel, de fachada, portanto. Mendes entra neste "paraíso infernal" e expõe, com a ajuda das interpretações poderosas de Di Caprio, Winslet e sobretudo Shannon, o desmoronamento e a decepção do sonho americano. É hábil quando concentra a acção entre as quatro paredes da casa do casal ou não cede à tentação, típica em filmes "históricos", de variar constantemente de cenário para exibir os altos valores de produção da obra ou sublinhar as particularidades mais ou menos pitorescas da época - até porque o que se trata aqui é intemporal.
Ao mesmo tempo, esta concentração espacial resulta numa continuidade quase teatral que leva ao limite a nossa co-habitação com os protagonistas e os seus sonhos frustrados. Claro que, em certos momentos, sentimos que Sam Mendes não resiste a uma certa gratuitidade - exemplo da cena em que Winslet contempla o vazio enquanto pinga sangue na sua carpete - mas não há dúvidas que este é o seu filme mais lúcido e adulto.
Ler mais aqui: IMDB.
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