sábado, 27 de abril de 2013

Sightseers (2012) de Ben Wheatly


"Sightseers" é bem sucedido em duas coisas: torna claro que Ben Wheatly é um embuste; torna ainda mais evidente que a estranheza de "Kill List" - a única coisa que o salvava este filme do embaraço cinematográfico - era afinal um "acidente de percurso" mal calculado. Uma comédia negra, estilo britcom, realizada de forma preguiçosa e sem personagens dignas desse nome, eis um filme que não sei o que faz no IndieLisboa 2013. Desde logo, claramente que o "alvo" deste cinema é o de outro festival da cidade, o Motelx. Por outro lado, se é financeiramente independente, poderá sê-lo, mas o gesto de realização é de completa dependência com tudo aquilo que "vende" rápido e depressa, nomeadamente a anedota idiota e boçal. O prato forte é a ironia ou não seria este um filme da "pequena Grã-Bretanha" - país que encolhe muito no grande ecrã, sobretudo quando tenta emular o que faz bem no pequeno. Mas a ironia aqui auto-ilustra-se até à exaustão como se à sua frente estivesse uma plateia que ainda se espanta, hoje, com a utilização da roda.

Um road movie que satiriza os "maus modos" até ao ponto da caricatura imbecil, "Sightseers" apenas tem um vago interesse quando explora o romance de dois "serial killers" insuspeitos, da classe média mais média que a Grã-Bretanha nos tem para dar. Os pouco imaginativos homicídios sucedem-se para depois se re-encenarem em jeito de auto-caricatura: o casal acaba por matar por razões opostas, sem moral ou qualquer filosofia própria. Este lado amoral é gerido sempre com um humor negro requentado, que culmina com o desenlace literalmente "precipitado" - se calhar Wheatly, neste ponto, já não tinha de facto mais nada a acrescentar ao vazio de ideias que acumulara durante demasiado tempo.

("Sightseers" passou hoje, dia 27, na secção Observatório. Parece que vai ter estreia comercial... fujam dela a sete pés.)

1 comentário:

Sam disse...

Um duo de serial-killers, olhos nos olhos da audiência em pose desafiadora (como a imagem escolhida demonstra), consegue ter o seu quê de interesse.

Não tão bom como KILL LIST, realmente, mas prova que Wheatley está em busca da exploração de algo cinematograficamente muito estranho.

Cumps cinéfilos.

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