2. "Milk" de Gus Van Sant

3. "Les plages d'Agnès" de Agnès Varda
4. "Ne Change Rien" de Pedro Costa
5. "Two Lovers" de James Gray
6. "The Limits of Control" de Jim Jarmusch
7. "It's a Free World..." de Ken Loach (DVD)
8. "The Strangers" de Bryan Bertino
9. "The Wrestler" de Darren Aronofsky

10. "Avatar" de James Cameron/"Três Macacos" de Nuri Bilge Ceylan
Podíamos fazer o balanço desta década fingindo que as anteriores não aconteceram, analisar os pontos altos e baixos dos filmes que tivemos oportunidade de ver. Apetece-nos, ao invés, e porque este top surge neste espaço com um atraso tão grande, começar por falar de 2009 por comparação a 2008.
Em 2008, foi da França que vieram alguns dos filmes mais marcantes, ao passo que em 2009 apenas a veterana Agnès Varda aparece na sua representação com o comovente "As Praias de Varda". Olhando para o resto da lista, vejo também uma subrepresentação portuguesa, ainda que Pedro Costa tenha feito o seu melhor filme desde "No Quarto da Vanda": um elogio a Murnau e à arte como doloroso processo de criação (em camadas palimpsésticas de significação ou as músicas por trás da música...). James Gray é o único que aparece repetido nos dois tops e perfila-se como um dos mais interessantes cinemas da actualidade.
2009 foi um bom ano para os veteranos de língua inglesa. Tarantino fez a obra-prima da década, "Inglourious Basterds"; Van Sant fez um comovente filme político de amor; Jim Jarmusch levou ao limite a abstracção em "Limits of Control" - isto é, tornou-a concreta como um... edifício -; Ken Loach redimiu-se da desilusão que foi a sua Palma de Ouro e fez o retrato mais duro, anti-moralista, que conhecemos sobre o flagelo do tráfico humano e da imigração ilegal...
Da mesma forma, James Cameron renasceu das cinzas do deplorável "Titanic" para fazer o filme mais caro e visto de sempre que também é uma impiedosa sátira ao autofágico discurso de guerra à la "axis of evil" (quem são os bons e os maus? O homem ou o avatar ou não se confundem os dois, a certa altura, na mesma carne? Ou melhor, quem é o "terrorista" aqui? O nativo ou o invasor? Ei, o "ambiente" é politics, ponto final, dirá Cameron) e uma negra visão sobre um certo estado de espírito colectivo pós-11 de Setembro (o escape, a droga é ser-se Na'vi, é ser-se projectado, como num second life, no mundo Pandora).
Por outro lado, Aronofsky fez um trabalho espantoso de realização em "The Wrestler", o que é, aos nossos olhos, a reabilitação do século - é que detestámos praticamente tudo o que este senhor fez para trás. Bertino, apoiando-se em Carpenter e Shyamalan (falo da elaboração conceptual sobre o movimento e a inércia), faz um dos mais corajosos filmes de terror dos últimos anos. Dentro de um experimentalismo, no caso, tanto de som como de imagem, "Três Macacos" também é uma aterradora experiência audio-visual, destacando o nome de Ceylan entre os mais interessantes do actual cinema europeu.