"Il Caimano" mistura os dois Morettis de forma errática e confusa. É o filme de transição para "Caos calmo", que é o Moretti mais próximo de "La stanza del figlio", isto é, obra adulta pontuada por uma visão tão doce quanto dura da vida. História sobre a vontade de parar no tempo, de passear no jardim e quebrar a rotina que nos distancia das coisas importantes da vida - da beleza enorme das pequenas coisas que nos rodeiam (no jardim, a filha despede-se do pai, a rapariga bonita passeia o cão, uma mulher surge de mão dada com um rapaz mongolóide...) e das pessoas que de facto importam (aqueles que amamos e nos amam, incondicionalmente e "porque sim").
Moretti pode ser dirigido por outro realizador, mas "Caos calmo" dá-lhe espaço para existir como nunca antes enquanto actor (e escritor!) e é a partir da sua interpretação magnífica que este filme também se torna num "filme do seu cinema" (as listas, a comida, o sexo, o jogo... tudo elementos típicos num filme de Moretti - ah, e Silvio Orlando noutra interpretação deliciosa).
Moretti pode ser dirigido por outro realizador, mas "Caos calmo" dá-lhe espaço para existir como nunca antes enquanto actor (e escritor!) e é a partir da sua interpretação magnífica que este filme também se torna num "filme do seu cinema" (as listas, a comida, o sexo, o jogo... tudo elementos típicos num filme de Moretti - ah, e Silvio Orlando noutra interpretação deliciosa).
Sabe bem ver este filme; é um dos feel good movies do ano, mas esta etiqueta não lhe faz justiça e pode induzir em erro: Moretti passa por dois desafiantes testes à sua condição de actor (a cena em que "explode" no carro e a tensa, sensual e desconfortável, porque longuíssima, cena de sexo) e muito do que se diz aqui é sinal de que nas sociedades modernas há pouco espaço para o amor e para as relações humanas. É um alerta que nos chama para a vida. Talvez seja possível sair da sala a "saber vivê-la" melhor e isso, só por si, constitui um pequeno milagre.
Ler mais aqui: IMDB.
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