quinta-feira, 29 de julho de 2010

The Hangman (1959) de Michael Curtiz


Muito subvalorizado western de Michael Curtiz que, com ironia, desenrola um intrincado novelo feito de mentiras ou, como sagazmente apontam os seus avanços e recuos narrativos, "não-verdades". Há, por isso, uma componente ensaística nesta obra com título de filme (de terror) violento onde não há uma única morte e os poucos tiros que são disparados saem todos por cima, propositadamente ou não.

Em "The Hangman", estamos por isso sujeitos a um exercício sobre as aparências, protagonizado por um homem que não acredita nelas - e desconfia de toda a gente - e outro que acredita - e, por isso, confia em toda a gente.

No meio, claro, está a bela Tina Louise, uma jovem cujo carácter vai ser posta à prova em face destes dois homens e mais um: um criminoso à solta que, vamos vendo, não é propriamente o típico vilão de um western. Na realidade, a certa altura, este parece menos vilão que o xerife (o primeiro homem, interpretado magnificamente por Robert Taylor).

E Tina Louise, que se parece "prostituir" no início, acaba por se revelar íntegra por... ter mentido! A mentira pode conduzir à verdade com a mesma facilidade com que a desconfiança é isso mesmo: uma palavra ("confiança") desfeita pelo seu prefixo ("des"), qual sanguessuga que não larga a sua vítima; qual casal ligado por umas algemas cuja chave é, enfim, o amor. Obra-prima deliciosa.

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