quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Crítica a João Lopes, crítico de televisão

A crítica, por vezes, também deve ser criticada. Quando? Por exemplo, quando por moleza ou conformismo ou, então, por pura "estratégia de carreira" se remete a uma posição que tende a ser salomónica, que é quase sempre inócua, criticando quem deve criticar, mas nunca chamando directamente os nomes aos bois para não "incomodar de mais", refugiando-se numa retórica ao mesmo tempo professoral e diplomática, sem ferir susceptibilidades, ou apenas ferindo aqueles a quem as susceptibilidades já são poucas ou nenhumas.

João Lopes, na pele de crítico de televisão, é isso mesmo: alguém que mastiga e remastiga um conjunto de batalhas contra os vícios da televisão comercial, mas que se mostra indiferente em relação à situação escandalosa da televisão pública, situação essa que não é de hoje, mas que nestes dias, mais do que nunca, deve ser encarada de frente, olhos nos olhos, pelos que se dizem "críticos de televisão".

Não é falando ad nauseam dos efeitos da trash TV que João Lopes se afirma útil ao (seu) público, porque ninguém, em plena posse das tais "susceptibilidades", defende um modelo mental equiparável àquele que um programa apresentado por Teresa Guilherme defende... aliás, defende? Esse programa defende alguma coisa? João Lopes, nos seus textos sempre "controladamente espicaçados" contra a degradação do ambiente mediático nacional, parece contra-argumentar, mais do que argumentar contra a estupidificação televisiva... Sim, "contra-argumenta", mas ninguém "argumentou"... A televisão que é alvo das críticas moralistas de João Lopes é um vácuo que dura, no máximo, meio artigo a desmontar - desmonta-se uma evidência, não um argumento, como João Lopes leva a crer na sua insistência em temáticas gastas.

O problema da televisão pública é de uma gravidade que salta aos olhos, mas que aos olhos deste crítico merece apenas uma referência ou outra, inevitavelmente, anódina. Precisamos de massa cinzenta para pensar e escrutinar a nossa televisão pública; não massa cinzenta a decompor com pinças a meRdiocridade televisiva dos privados.

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