terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Recorte de falas (XI): Vai~e~Vem

João Vuvu, familiar de João de Deus (ambos encarnados por João César Monteiro), ouve o desabafo da sua amiga, a actriz wannabe de nome Jacinta (Rita Durão) que desabafa sobre uma experiência pouco satisfatória que teve no mundo da Sétima Arte. As meninas actrizes ouviam sermões que envolviam trocadilhos com grandes actrizes do ido star-system. A famosa diva sueca merece, aliás, o trocadilho do século. Mas o Excelentíssimo Senhor Director João de Deus tinha razão: sem o seu nome como objecto e o sobrenome como qualidade, não há quem se faça Actriz!

Jacinta: Depois dos minetes, éramos obrigadas à leitura de poemas. Horas e horas a fio, com as armas e os barões assinalados para trás e para frente. Que seca! Mas o pior era quando ele se punha a andar dum lado para o outro e começava a arrotar postas de pescadas, com maus modos: 'Só sabem é fazer olhinhos e pestanejar, julgando-se belas, talvez. É por estas e por outras que o cinema chegou ao estado a que chegou.' Nós começávamos a fazer beicinho e a ficar nervosas, completamente destroçadas. Era então que sobrevinha a fúria. Parecia fora de si, transfigurado os olhos raiados de sangue. Dava-lhe uma na veneta e descompunha-nos, em altos gritos: 'Nunca terão o garbo da Greta nem sequer a greta da Garbo!'

João Vuvu: Um tiranete pouco estimulante, em suma. E ao menos pagava?

Jacinta: Nunca vi cheta.


(Muito obrigado ao meu amigo Francesco Giarrusso, o maior experto em César Monteiro, pelo fino recorte.)

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