quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Contra o absoluto fim das actividades necessárias, contra o triunfo do consumo sonhado pelo animal laborans


Andrew Stanton, "WALL-E" (2008)

Um dos óbvios sinais do perigo de que talvez estejamos a ponto de realizar o ideal do animal laborans é o facto de que toda a nossa economia se tornou já uma economia de desperdício, na qual todas as coisas devem ser devoradas e abandonadas quase tão rapidamente como surgem no mundo, a fim de que o processo não chegue a um fim repentino e catastrófico. (...)
Quanto mais fácil se tornar a vida numa sociedade de consumidores (...), mais difícil será preservar a consciência das exigências da necessidade que a impele, mesmo quando a dor e o esforço - manifestações externas da necessidade - são quase imperceptíveis. O perigo é que tal sociedade, deslumbrada com a abundância da sua crescente fertilidade e presa ao suave funcionamento de um processo interminável, já não seria capaz de reconhecer a sua própria futilidade (...).

Hannah Arendt, A Condição Humana (1958), Relógio D'Água, 2001, p. 159

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