domingo, 9 de setembro de 2012

Recorte de falas (XXIV): The Misfits

"The Misfits" (1961) fala não tanto de "inadaptados" (como o título em português nos dá a crer) mas de "desajustados", peças fora da engrenagem, pessoas feridas tão profundamente que perderam qualquer sentimento de pertença. É, por isso, um filme assombrado pela morte, dentro e fora do ecrã. Dos cavalos selvagens que não merecem morrer, mas que parecem correr nessa direcção, a Clark Gable e Marilyn Monroe, duas estrelas que se apagaram tragicamente pouco tempo depois da rodagem deste filme muito intenso e pessoal de John Huston e Arthur Miller, ele que escreveu magníficos diálogos para a sua musa e (como lhe chamava) "anjo do sexo".

Nesta troca de palavras, Gay Langland, o cowboy crepuscular interpretado por Gable, volta do avesso a conversa com Roslyn, interpretada por Marilyn Monroe, lançando uma pergunta tão significativa quanto, afinal, fatalmente pouco reveladora das suas intenções ou de quem é. De facto, quantas pessoas ficámos a conhecer através das nossas perguntas dirigidas? Poucas ou nenhumas, já que é nas acções (incluindo o que se diz sem se ser questionado) que se avalia o carácter e se define a dimensão do Homem.

Gay: You don't have a business to run or a school to teach or a...?
Roslyn: Me? I've never finished high school.
Gay: Oh, well, that's real good news.
Roslyn: You don't like educated women?
Gay: They're all right... Always want to know what you're thinking, that's all.
Roslyn: Maybe they're trying to get to know you better.
Gay: Did you ever get to know a man better by asking him questions?

Sem comentários:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...