terça-feira, 24 de maio de 2011

The Tree of Life (2011) de Terrence Malick


Para pôr a salivar os mais expectantes, deixo aqui comentário muito rápido ao novo monumento fílmico que se erigiu das profundezas da terra e que, numa arquitectura impossível, se fez esticar até atingir o Céu, todo um outro edifício - a casa Dele, diz a Mãe -, casa invisível tornada visível pela orgânica de Malick... "The Tree of Life" ou como quem toca as raias do absoluto que há na vida (o nascer e o morrer) com as pontas dos dedos.

Eis tudo aquilo que gosto em Malick: obra de sensações, solta de qualquer amarra narrativa, profundo na forma como constrói as suas personagens-mundo, cujas vidas - em flashes de uma beleza indescritível - são projectadas para os acidentes do Cosmos com uma brusquidão e uma leveza enleantes. É um luto, uma liturgia da alma que se faz casar no fim com o princípio do Universo - ou seja, uma Mãe liberta o seu filho, dá-lo como sacrifício e, ao mesmo tempo, o MILAGRE DO CINEMA, nasce o Universo da luz e do fogo infernal. Nunca houve nada assim no cinema.

"The Tree of Life" é a verdadeira "Obra-do-toque", uma impossibilidade na história do cinema "oficial" americano, digo, é como se a Mekas ("As I Was Moving Ahead Occasionally I Saw Brief Glimpses of Beauty") e a Brakhage (as suas pinturas sobre película e "Window Water Baby Moving") fossem dados meios de grande produção, como se a Tarkovski fosse dada a possibilidade de refazer num filme, ao mesmo tempo, "Nostalgia" e "Solaris", como se os contra-picados - "pedra-de-toque formal" aqui - de Orson Welles fossem esculturas de Tempo e Memória, pesadas e leves ao mesmo tempo..., como se Kubrick ("2001") amasse a vida e a Natureza como amam Tarkovski, Mekas e, precisamente, Malick. É isto e, talvez, mais. Mas preciso de rever, porque é, acima de tudo, uma TRIP de uma beleza assoberbante.

Sem comentários:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...