Seastrom e Chaney. Juntos no primeiro filme de sempre produzido pela mítica (e, entretanto, insolvente) Metro Goldwyn Mayer. E o primeiro filme é, como quase todos os grandes mudos dos anos 10 e 20, um soco no estômago. Obra desconfortável sobre "a tragédia do palhaço", o palhaço é Chaney antes mesmo de se tornar palhaço, isto é, tornou-se palhaço para suportar a humilhação pública a que foi sujeito no dia da defesa da sua tese. Nesse dia, Chaney ficou sem tese e sem mulher, os dois foram "roubados" pelo seu tutor, o velhaco Barão Regnard.
Levou na cara quando o acusou de plágio e a Academia riu-se, expondo-o à vergonha e ao ridículo insuportável. Sem orgulho próprio, com a sua virilidade fortemente abalada, Chaney torna-se palhaço de circo; naquele que "leva chapadas", como diz o título do filme. Toda a gente se ri de uma boa chapada, dada num palhaço ou não...
Sabendo disso, Chaney arquitecta uma vingança sado-masoquista, que culmina numa espécie de destruição e auto-destruição pelo riso, em espaço apropriado: um circo, palco de uma "tragédia cómica". Um Seastrom, ou Sjostrom, usando o seu nome sueco, que está aqui longe da grandeza poética/metafórica de "The Wind", mas que, ainda assim, espanta pelo negrume quase metafísico dos instantes finais.
Sabendo disso, Chaney arquitecta uma vingança sado-masoquista, que culmina numa espécie de destruição e auto-destruição pelo riso, em espaço apropriado: um circo, palco de uma "tragédia cómica". Um Seastrom, ou Sjostrom, usando o seu nome sueco, que está aqui longe da grandeza poética/metafórica de "The Wind", mas que, ainda assim, espanta pelo negrume quase metafísico dos instantes finais.
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