Nesta passagem de "Nights and Weekends" (2008), pequeno filme independente sobre as agruras do amor à distância, somos levados a reconsiderar o velho cliché da "beleza interior". James, interpretado pelo realizador do filme, Joe Swanberg, tem uma conversa solta, "sem guião", com a namorada, Mattie, interpretada pela belíssima Greta Gerwig, que co-dirige o filme. A intimidade desta cena é extensível a todo o filme: fragmento que põe a nu a relação entre duas existências (duas personagens) e entre dois corpos (duas personagens encarnadas, sem filtros, por dois actores). Ao contrário da maioria de um certo cinema indie norte-americano, Swanberg e Gerwig sabem gerir a palavra sempre em benefício de uma comunicação rosto-contra-rosto, próxima de um Cassavetes. Apesar disso, aqui está um dos poucos momentos verbalmente "lapidares", onde o que se expõe é não a demagógica exaltação das mais-valias psicológicas de cada um, mas a capacidade do protagonista para criar a sua própria "beleza interior". É ela que permite a James esquecer-se de si (do seu corpo) e resistir ao estranhamento da sociedade, ao estranhamento do mundo.
James: I think I always had a mental image of myself that's not associated with the way I actually look.
Mattie: Oh, I know what you mean.
James: Like I forget myself. I forget my actual face and I think that in my head I project some kind of confident, handsome face. And then occasionally I see myself and go "oh my god, this is what you look like? That's pathetic!". But then I don't need to worry about it, because I have a mental handsome projection that gives me confidence in the world.
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