Eu não tenho nada em particular contra o senhor Jorge Mourinha, mas tenho de deixar aqui uma pequena observação enquanto leitor desde muito pequeno do jornal Público e da sua crítica cinematográfica - que globalmente sempre tive como a melhor do país.
Que o senhor goste de "Stardust", o último "Predator", "Salt" e dê praticamente três ou quatro estrelas a tudo o que é filme de acção mais ou menos espectacular com actor ou actriz da sua predilecção tudo bem, mas nas páginas deste jornal aparece como algo TOTALMENTE deslocado.
Relembro que Mourinha veio substituir a Kathleen Gomes, um crítico capaz de pôr em sentido, em matéria de exigência, qualquer um dos seus pares. O Público sempre se pautou por exigência e uma crítica que consegue ir além da mais epidérmica reacção. Mourinha é um crítico informado, "profissional" e não escreve tão mal como muitos dizem, mas não está na publicação certa. Isto é tão evidente quantas as vezes que olhamos para a tabela das estrelas e as vemos tremendamente inflacionadas na sua coluna.
7 comentários:
Luís,
parece-me absolutamente inadmissível a expressão "um crítico-mulher" ! Ela é uma crítica. Ponto final.
E que não se lhe ressalve o sexo, que assim é já informação presente no género em que o substantivo se conjuga.
E para o caso, apesar da fissura percentual abismal entre o feminino e masculino no meio do cinema em geral, não só da expressão crítica mas a todos os níveis, é uma comparação que era escusada e, aqui em particular, não tem nada a ver!
Eu uso essa expressão por uma razão muito simples: o facto de, como em muitas profissões (exemplo de músico) o feminino do adjectivo poder ser confundido com o nome (a música em geral, o músico em particular). No caso, dizer que Kathleen Gomes é crítica pode ser baralhar o geral com o particular. Da mesma maneira, há muito músico (feminino) que não gosta de ser chamado "música" - até conheço pessoalmente uma...
Mas, de novo, isso é o tipo de coisas secundárias, que só nos desviam do essencial que escrevi. De qualquer maneira, retiro o "mulher" para não gerar equívocos...
É, eu tendo a ser picuinhas nestes campos. ;)
Percebo o que defendes, é legítimo e razoável, mas neste caso em particular, pareceu-me que o contexto não induziria à confusão.
Claro, eu percebo a intervenção. Aliás, eu até acho que pus "crítico mulher" também para enfatizar a ausência de mulheres nesta área - e a qualidade acrescida da Kathleen Gomes, para o público e para o Público, enquanto "crítico" ou "crítica". :P
Ora, que fique por aí lançado o mote, então! Subscrevo-o!
Com o Mourinha lá, pelo menos há alguém que goste de tudo e dê boas notas a Stardust, o último Predador, e Salt, bons blockbusters que foram recebidos com ideias já pré-concebidas por grande parte da crítica. Se não fosse o Mourinha no Público, grande parte do cinema comercial americano (de onde saem filmes bons e maus, claro) seria, no geral, francamente mal-recebido. É dos melhores críticos de cinema do país, porque simplesmente tem o gosto mais abrangente. Está muito bem no Público, e ajuda a equilibrar as coisas. Mas são opiniões, claro.
Compreendo o que dizes e eu quis que este post fosse também de defesa ao Mourinha, na medida em que acho que ele é um crítico profissional, que escreve razoavelmente e que está bem informado. A única coisa que critico - porque acho que deve haver alguma uniformidade - é o desalinhamento com os demais críticos e, talvez, o excessivo deslumbramento por obras insignificantes em detrimento de outras, em relação às quais eu sinto que ele, apesar dos esforços para mostrar o contrário, parece ter um certo preconceito.
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