O que é que isso interessa? Para todos os efeitos, por esta altura, Van Sant parecia obcecado, primeiro, por génios "inadaptados" - certo -; segundo, pela questão fortemente teórica da cópia/plágio, na realidade, o grande tema escondido de "Finding Forrester" e, de modo muito mais sofisticado, algo que já fora motivo de exploração visual-conceptual no ousado decalque hitchcockiano. Como vemos na fala recortada abaixo, a certa altura, parece que "Finding Forrester" ganha um sentido curioso na obra de Van Sant: o escritor isolado do mundo William Forrester (Sean Connery) aprecia o virtuosismo literário de Jamal Wallace (Rud Brown), um jovem negro do Bronx que não é só bom a pôr a bola no cesto. Ele diz-lhe algo que abrirá o plot do filme: até onde pode ir a aprendizagem do aluno face ao seu mestre? Se nos abstrairmos de toda a ganga sentimentalóide e simplista de "Finding Forrester" - e a cabotinice dos actores -, parece que, neste instante, Van Sant se entretém a "desconstruir" o "Psycho", o seu "Psycho" por contraposião ao "Psycho" do "grande mestre". Dito de outra maneira: nesta passagem, William Forrester parece ter como um grande feito literário aquilo que considera ser um "bom remake". É Van Sant a advogar em sua defesa, sem sair de um cinema onde a força do "sentimento de pertença" é variável.
William Forrester: You've taken something which is mine and made it yours. That's quite an accomplishment!
Jamal Wallace: Thank you.
William Forrester: The title is still mine, isn't it?
Jamal Wallace: I guess.
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