Comecemos pelo que (praticamente) não mudou: a obsessão pelo "filme de cerco", sobretudo, o western "Rio Bravo" (1959), do seu ídolo Howard Hawks, desta vez, conjugada com um subtil piscar de olho a "Sergeant Rutledge" (1960), um courtroom western de John Ford que se vai urdindo a partir de múltiplos flashbacks.
Falemos do que mudou: a dimensão do desafio, que nunca foi tão grande. A ideia aqui redunda naquilo que poderíamos designar por um reciclagem do western clássico, já que Carpenter descontextualiza grande parte dos seus elementos, sem eliminar - pelo contrário, densificando o mais possível - os traços caracterizadores do género. A acção desenrola-se em Marte, no ano de 2176, e, logo no começo, somos introduzidos a uma sociedade humana de base matriarcal - Joan Crawford ("Johnny Guitar") tê-la-ia adorado. Logo, é o adeus definitivo, e "doloroso", à virilidade inabalável de um John Wayne; aos desfiladeiros e às planícies poeirentas dos desertos norte-americanos.
O próprio inimigo índio é substituído por criaturas satânicas, deformadas e carniceiras - réplicas de um Marilyn Manson, num dos seus piores dias e com desejos ainda mais acentuados de auto-mutilação. Assim, da mesma forma que John Wayne é uma mulher e os desertos são em Marte, também os índios não são índios.
Apesar de não parecer, isto é um western. E não são precisos mais de trinta minutos de filme para percebermos isso: a iconografia fortíssima de Carpenter (o balão, o comboio, a prisão) ajuda-nos a consolidar a evidência de que "Ghosts of Mars" é bem mais do que um, ainda assim igualmente genial, terror série B, primitivo e hardcore, passado no planeta vermelho.
Ler mais aqui: IMDB.
O próprio inimigo índio é substituído por criaturas satânicas, deformadas e carniceiras - réplicas de um Marilyn Manson, num dos seus piores dias e com desejos ainda mais acentuados de auto-mutilação. Assim, da mesma forma que John Wayne é uma mulher e os desertos são em Marte, também os índios não são índios.
Apesar de não parecer, isto é um western. E não são precisos mais de trinta minutos de filme para percebermos isso: a iconografia fortíssima de Carpenter (o balão, o comboio, a prisão) ajuda-nos a consolidar a evidência de que "Ghosts of Mars" é bem mais do que um, ainda assim igualmente genial, terror série B, primitivo e hardcore, passado no planeta vermelho.
Ler mais aqui: IMDB.
2 comentários:
É Carpenter a Rock´en´Rolar, um dos melhores filmes de Carpenter, mas apenas recomendável a fãs, os que não o são irão estranhar...
Carpenter e a sua obcessão de novos westerns.
Só mesmo para fãs porque os restantes não compreendem :)
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