segunda-feira, 16 de abril de 2012

Recorte de falas (XX): Laitakaupungin valot

"Luzes no Crepúsculo" (2006) de Aki Kaurismaki, pequeno conto sentimental sobre um homem fiel, fiel como um cão ao seu dono, mas, no caso, fiel aos seus sentimentos. Tão fiel que foi usado, tão usado que se fez usar, porque este herói silencioso de Kaurismaki não quis "encrencar" a bela loira que o seduziu e atirou para a lama. Não quis e, por isso, foi preso. Sem grandes ressentimentos. Ela traiu a sua confiança? Sim, mas, tendo comprometido muito na sua vida, também nunca prometeu grande coisa... Por outro lado, o "big boss", manda-chuva da pequena máfia local, ficou a ganhar em tudo no fim - até a miúda ficou com ele! Mas nada de grandes escândalos: de coração ferido, o protagonista crepuscular de Kaurismaki vai arranjando um tempinho para mais um cigarro e um suspiro em direcção a um futuro (só) sonhado. A sua amiga - o seu único amigo... - "interrompe" o fumo e faz-lhe a pergunta. Talvez saia uma resposta... mas só talvez e, saída, será coisa deste mundo, certamente. É um filme de Kaurismaki, um dos bons.

Aila: Que tal foi [a prisão]?
Koistinen: Não se podia sair...

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