"You Only Live Once" (1937) de Fritz Lang
"The Wrong Man" (1956) de Alfred Hitchcock
[Por duas vezes, pelo menos, lá foi Henry Fonda condenado pelo sistema judicial norte-americano por um crime que não cometeu. No filme de Lang, mostrou que a inocência não se prova por si mesma, ao contrário da falsa-culpabilidade; que a inocência é uma coisa que poucos homens alcançam no seio de uma sociedade tão moralista quanto corruptora, ao passo que a falsa-culpabilidade se pode realizar por meio de mecanismos judiciais. O problema não está na inocência do falso-culpado, mas na culpa do falso-inocente, pelo que se eu, mesmo estando inocente, me disser inocente de um crime, o leitor, olhando-se ao espelho, justamente desconfiará (ninguém poderá estar assim tão certo da sua inocência...), mas se o leitor me acusar de um crime, eu talvez consiga provar que estou a ser erradamente acusado (é que o leitor pode não ter sabido fundamentar tal acusação...). "You Only Live Once" é sobre isto, mais até que a obra-prima de Hitchcock. Contudo, nos dois filmes, Fonda é o rosto daquilo que um dia Serge Daney escreveu sobre outro filme americano e judicial de Lang, "Beyond a Reasonable Doubt": "A inocência é provisória, querer prová-la é ser-se já culpado."]
*- E, por isso, Leone teve um golpe de génio quando fez de Fonda "o mais errado dos homens certos".
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