quarta-feira, 25 de julho de 2012

After Shyamalan (I)


Não estou muito entusiasmado com este projecto de M. Night Shyamalan, não só porque o passado recente do cineasta indiano é pouco estimulante - apesar de "The Last Airbender" não ser um mau filme, está muito longe da sua melhor forma - mas porque, neste momento, sob pena de se tornar num has been para a indústria, parece que aos seus olhos "tudo que vier à rede é peixe". Depois de ter estado associado a outros projectos do cinema fantástico, Shyamalan está de regresso. Contudo, na minha opinião, estará só parcialmente de regresso, já que este "After Earth" será o primeiro filme que realiza sem ter escrito o seu argumento.

Para um típico writer director esta "má novidade" soa a cedência comercial, eventual limitação à sua liberdade criativa (mesmo sendo ele produtor executivo), e tudo piora se vos disser que Will Smith será o protagonista desta mega-empreitada. O problema com esta super-estrela do boxoffice norte-americano é que os seus filmes recentes são meros veículos espectaculares para a manutenção da sua fama multimilionária, o que, face a um Shyamalan enfraquecido e a braços com um teste crucial para o seu futuro em Hollywood, só poderá constituir mau prenúncio para este "After Earth". Outra importante variante: Shaymalan filmará, pela primeira vez, em digital. Somando tudo isto, tanta novidade suspeita..., digo que o classicismo heteróclito shyamalaniano ameaça extinguir-se.

Estaria ainda mais céptico se não tivesse lido a sinopse e se não tivesse procurado animar-me a mim mesmo com o que vou percebendo nas suas entrelinhas. Percebe-se que Shyamalan se aventura, de novo pela primeira vez (raios, tantas "primeiras vezes" deixam-me apreensivo...), no universo sci-fi de acção, mas a estranheza deste projecto na obra do autor de "Lady in the Water" fica-se por aqui quando entrevejo, por trás do espectáculo CGI "from outer space" que se perspectiva, um drama (com toque pessoal? O "Shyamalan touch"?) entre filho e pai, entre um Will Smith em ponto pequeno (Jaden Smith, o já célebre filho do protagonista) e um pai ausente que admira (o próprio do Will)...

Será, portanto, um mergulho no cosmos que bate de chapa num microcosmos familiar muito caro ao realizador indiano. Receio, contudo, que os estúdios tenham exigido de Shyamalan aquilo que ele não pode nunca ser: um tarefeiro ao serviço da estrela da companhia. É que todos nós sabemos que os "Will Smith movies" tendem a tornar os dramas familiares (perfeitamente anónimos, do ponto de vista cinematográfico e não só) em pouco imaginativas historietas sentimentais cheias da boa moral pipoqueira.

Já anda a circular na Internet um teaser (pouco relevante) de "After Earth". O CINEdrio seguirá os passos a este filme até à sua estreia nacional. Estaremos no encalço (after de seguir) deste Shyamalan que poderá ser o princípio de um novo Shyamalan (after de seguinte).

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