Pese embora não chegue a conclusões revolucionárias sobre nenhum dos filmes em análise ("They Live", "Videodrome", "Film", entre outros), procura sistematizar, de forma sustentada, um conjunto de leituras possíveis sobre alguns dos mais ricos, e pertinentes, universos estéticos da Sétima Arte.
Nos próximos meses, torná-lo-ei disponivel neste blog, em excertos e de forma faseada, com o único objectivo de fomentar a paixão pelo cinema.
Análise dos filmes Un chien andalou, Film, They Live e Videodrome, entre outros…
*
Breve Antevisão
Analisar a importância do olhar num mundo cada vez mais congestionado de imagens, ordens e sugestões, é um dos principais objectivos deste trabalho.
Numa primeira instância, irei interpretar a célebre cena do “olho cortado” em Un chien andalou, primeira colaboração entre Luis Buñuel e Salvador Dali, à luz dos pressupostos do “movimento” surrealista.
Em Film, de Alan Schneider e Samuel Beckett, a sugestão do olho “apagado” vem reforçar a perspectiva surrealista, que denunciava uma realidade distractiva e aditiva, que obliterava a imersão necessária no inconsciente.Já Theodor W. Adorno, com base numa certa ideia de indústria cultural, afirmava que o homem tinha uma percepção enfraquecida da realidade, se usasse constantemente óculos fumados.
Na parte 1. deste trabalho, deter-me-ei, então, numa interrogação basilar: será melhor “fechar os olhos” (Un chien andalou e Film) ou, ao invés, “saber abri-los” (Adorno)?
Na parte 2., encontramos o esboço de uma resposta: “saber abri-los”, mas “saber abri-los” não significa “abri-los demais” … Em They Live, de John Carpenter, o protagonista só se depara com o real, quando enverga uns aparentemente banalíssimos óculos escuros. Sem eles, a realidade regressa à sua forma original, esbatida e fantasmagórica, que insistentemente se reproduz nos mass media. Mencionarei, neste ponto, a teoria da “montagem das atracções” de Sergei M. Eisenstein.
Na parte 3., último segmento do trabalho, centrar-me-ei numa análise expedita do filme Videodrome, de David Cronenberg, “uma das mais fascinantes e inquietantes histórias do recente cinema fantástico” (António, s.d.: 67), onde a palavra vídeo se metamorfoseia num organismo vivo. A par disto, farei uma breve exposição da teoria da dessensibilização de Olivier Mongin, com base na qual procurarei desenvolver uma das interrogações-chave deste trabalho: a imagem é vírus?
(continua)
Bibliografia Citada:
- ANTÓNIO, Lauro, «Videodrome», in Cinema e Comunicação Social, Festival Internacional do Cinema de Portalegre, s.d., pp. 67-68.
Sem comentários:
Enviar um comentário