quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Os rostos de 2010

Figura do ano (internacional)

Kelly Reichardt

Estreou "Wendy & Lucy" (depois de ter sido exibido no IndieLisboa), aquele que pode ser descrito como o seu "Umberto D.", e teve um desonroso lugar no mercado direct-to-dvd português deste ano, com a edição do magnífico "Old Joy". Disse desonroso? Se calhar nem tanto... se atendermos ao facto de outra grande descoberta do ano, Brillante Mendoza, ter visto o seu melhor filme, "Kinatay", vencedor do prémio de melhor realização em Cannes, ser lançado unicamente em DVD no nosso país - ao passo que "Lola" teve estreia comercial, vá lá! De qualquer modo, voltando àquela que é, para mim, a figura do ano, tenho a dizer que Reichardt é um dos grandes valores do actual cinema independente norte-americano, não só pela qualidade dos filmes estreados, mas também por aquilo que esta promete oferecer no futuro próximo, nomeadamente, o seu último filme, um western, muito elogiado em Veneza, chamado "Meek's Cutoff".

Figura do ano (nacional)

Manuel Cintra Ferreira

Sempre por amor ao cinema, Manuel Cintra Ferreira não deixou de dedicar os últimos meses, semanas e dias a levar mais longe a descoberta renovada que é, ou pode ser, o cinema, o grande e o pequeno cinema, indistintamente. Para o falecido crítico do Expresso, programador de excelência da Cinemateca, não havia bons e maus filmes, ou melhor, não havia filmes dispensáveis - o cinema não se dispensa, nunca. E, assim, com uma capacidade enorme de se deslumbrar com o mais improvável dos objectos - e de se espantar renovadamente, cá está, com os grandes clássicos que sabia acarinhar como poucos - Manuel Cintra Ferreira trilhou o seu caminho como um dos mais empenhados e democráticos críticos nacionais. A coluna deixada vazia no Expresso pesa sobre todos aqueles que o seguiram, semana a semana, em respeitosa concórdia ou em muito saudável discórdia. Cinco estrelas para ele.

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