terça-feira, 1 de maio de 2012

The Color Wheel (2011) de Alex Ross Perry


"The Color Wheel" é o reverso de "Bummer Summer", filme (exibido há um ano no Indie) também pertencente a essa "vaga" que se convencionou chamar mumblecore, mas que sabe encontrar beleza nos silêncios e na divagação das personagens, um pouco como os irmãos Safdie também sabem "extrair" sentimentos puros de situações mundanas. O filme de Alex Ross Perry está cheio de sublinhados "isto é mumblecore", primeiro sinal de que as categorizações cinéfilas podem ser óptimas para aproveitamentos oportunistas de realizadores que, sem nada verdadeiramente interessante para dizer, fazem desse estilo mais ou menos cristalizado o pretexto para uma projecção mediática mais rápida.

Isso acontece com "The Color Wheel", filme cheio de conversa da treta, personagens estereotipadas e irritantes, que em vez de procurar encontrar uma sensibilidade específica dentro delas ou no modo como se relacionam, perpetua, até à náusea, a sua existência de cartão, o facto de serem, enfim, "clichés vivos" - uma das personagens do filme, que motiva uma enfadonha e sem graça road trip, chega mesmo a acusar a protagonista de ser um "cliché". Esta será a única observação digna de nota num filme onde se fala de mais e se diz demasiado pouco, onde até o preto-e-branco ou o "bom grão" à Cassavetes parece ser mais um traço de oportunismo "estilístico" do que uma genuína opção estética.

O que salva o filme da nulidade completa é o longuíssimo plano da irmã a "fantasiar" com a profissão futura do irmão e que desfecha num relativamente surpreendente twist dramático. É por esse plano que ainda não damos já essa história do mumblecore como a invenção mais madrasta que o cinema indie americano conheceu em muito tempo.

(Este filme, exibido hoje, pela segunda vez, no IndieLisboa, será mostrado, de novo, amanhã, dia 1 de Maio, às 21h30, no Cinema Londres. Não recomendo.)

2 comentários:

Carlos Natálio disse...

O plano final é bom embora acabe com o estúpido beijo e coisa e tal, evento que o filme não tem "unhas" para suportar claro. :)

Luís Mendonça disse...

Sim, na minha opinião, é filme de um gajo à procura de reconhecimento rápido. Não irá a lado nenhum.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...