segunda-feira, 3 de março de 2008

Cruising (1980) de William Friedkin

No seu tempo, milhares procuraram sabotar a sua realização com manifestações de ira ruidosas que perturbaram as filmagens. "Cruising" trouxe à tona o confronto entre os submundos organizados da vida homossexual. Na altura, a marginalidade da vida gay era imposta por um conjunto rígido de princípios que regia as sociedades ocidentais, entre elas, a norte-americana e, dentro dela, a de Nova Iorque. Aí, navegar na noite profunda significava entrar num bar sado-maso gay, onde o cabedal e as correntes representavam a pertença a uma espécie de subcultura da homossexualidade bruta.

Apesar do cenário de "Cruising" pedir um ensaio sociológico com respostas mais ou menos concretas aos "comos" e "porquês" da formação dessas subculturas, o que verdadeiramente interessou a William Friedkin foi a sua personagem principal, interpretada por Al Pacino: um polícia infiltrado a investigar uma série de crimes perpetrados sobre homossexuais na noite nova iorquina.

A "psique" do protagonista é dissecada a bisturi: a própria estrutura do filme é sinuosa e elíptica, como se esse se passasse na sua cabeça. Daí que "Cruising" abra mais perguntas do que aclare respostas. Trata-se de um filme que se debate muito mais com questões complexas, como a identidade (e, a nosso ver, a sexualidade), do que com um crime específico, recusando a lógica moralista fácil de fazer associar a um crime um castigo predeterminado.

Como é habitual em Friedkin, não há "bons e maus", sendo possível, por muito que nos perturbe, a identificação com a crise existencial de Pacino.

Ler mais aqui: IMDB e DVDbeaver.

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