Com este filme, o cinema de Moretti politiza-se como nunca antes, contando a história fragmentada e surreal de um dirigente do Partido Comunista Italiano (PCI) que joga pólo aquático e que, durante um jogo decisivo para o campeonato, procura reconstituir o seu passado (os medos e obsessões que vêm da infância e as opções ideológicas da adolescência e... o "Doutor Jivago" que passa ininterruptamente na TV).
"Palombella Rossa" é revolto, agitado e destrutivo, ao mesmo tempo que encantador e estranhamente comovente, mas revelando, agora mais do que nunca, um Moretti profundamente preocupado com o rumo político de Itália.
Não que se trate de uma espécie de epifania ideológica para o realizador: já antes Moretti revelava uma atitude política devastadora, lançando a dúvida, em forma de caos e violência, sobre o sistema político e, acima de tudo, sobre o dito "quarto poder". "Palombella Rossa" é mais literal: Moretti não é realizador ("Sogni d'oro"), não é professor ("Bianca"), não é padre ("La Messa è finita"); é, antes, um líder comunista em auto-questionamento.
Entre o musical político-filosófico e a crónica desportiva anti-heróica, "Palombella Rossa" é uma explosão furiosa agridoce, com alvos em todas as direcções. Veja-se o público que assiste à arena líquida: a massa que fermenta o sonho-pesadelo de Moretti.
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