Eu sou fã devoto do cinismo assumido de Lars Von Trier. Adoro cada manipulação e cada queda em desgraça, bem como as suas opções de realização que, formalmente, irritam muita gente. Sobre Paul Thomas Anderson, apenas a dizer que se fizer algo maior do que "There Will Be Blood" vai ser o melhor da sua geração (ao lado de Shyamalan). Dois génios e dois acontecimentos nucleares do cinema.
Para mim, são dois dos mais desassombrados filmes sobre a América. Talvez "There Will Be Blood" tenha o pathos que "Dogville" não tem por ser feito por um realizador gélido, que nos quer afrontar com a sua superior inteligência. Há quem tenha medo de a considerar. Eu não tenho.
Apesar de admirar imenso Paul Thomas Anderson, confesso que sou ainda maior fã desse enfant terrible que é Lars Von Trier. Adoro o lirismo que o realizador destila em cada jornada de manipulação que enceta.
A minha relação com von Trier é de amor-ódio, e se me maravilho no desespero que a sua manipulação me causa num Dancer In The Dark, não consigo mesmo suportar esse cinismo totalmente despropositado de DogVille, filme que nunca me convenceu, contra todas as minhas expectativas. Curioso nisto é que PT Anderson é um grande fã de von Trier, considerando "Dancer..." um dos melhores filmes dos últimos anos, e creio que tem opinião semelhante em relação a DogVille. Aliás, podem encontrar algures pela net uma conversa muito interesante entre ambos. Pessoalmente, admiro imenso von Trier, mas ao lado de PT Anderson, nem há comparação. O americano é bem melhor... ;-)
Pois... Eu se tivesse de escolher entre o melhor filme de Trier (para mim, "Dogville" ou "Idiotas") e o melhor de PT Anderson (para mim, "Magnolia" ou "There Will Be Blood") não hesitava um segundo e escolhia o do americano. Mas posso dizer que muito me fascina o lado perverso dos retratos que Trier faz da humanidade. "Dogville" e o igualmente subvalorizado "Manderlay" são parábolas políticas que confrontam uma civilização (a norte-americana, mas, no limite, a ocidental) com as suas mais escondidas contradições, desmantelando as noções “sagradas” de democracia e o falso, porque apenas “retórico”, altruísmo dos seus paladinos. É isso que a personagem de Kidman elimina a sangue-frio na sequência final de "Dogville" e é isso que a personagem de Daniel Day-Lewis, sob a forma de libertação, tem em mente quando assassina barbaramente o pregador.
5 comentários:
Eu sou fã devoto do cinismo assumido de Lars Von Trier. Adoro cada manipulação e cada queda em desgraça, bem como as suas opções de realização que, formalmente, irritam muita gente. Sobre Paul Thomas Anderson, apenas a dizer que se fizer algo maior do que "There Will Be Blood" vai ser o melhor da sua geração (ao lado de Shyamalan). Dois génios e dois acontecimentos nucleares do cinema.
Abraço.
Para mim, são dois dos mais desassombrados filmes sobre a América. Talvez "There Will Be Blood" tenha o pathos que "Dogville" não tem por ser feito por um realizador gélido, que nos quer afrontar com a sua superior inteligência. Há quem tenha medo de a considerar. Eu não tenho.
Abraço
Apesar de admirar imenso Paul Thomas Anderson, confesso que sou ainda maior fã desse enfant terrible que é Lars Von Trier. Adoro o lirismo que o realizador destila em cada jornada de manipulação que enceta.
Abraço
A minha relação com von Trier é de amor-ódio, e se me maravilho no desespero que a sua manipulação me causa num Dancer In The Dark, não consigo mesmo suportar esse cinismo totalmente despropositado de DogVille, filme que nunca me convenceu, contra todas as minhas expectativas. Curioso nisto é que PT Anderson é um grande fã de von Trier, considerando "Dancer..." um dos melhores filmes dos últimos anos, e creio que tem opinião semelhante em relação a DogVille. Aliás, podem encontrar algures pela net uma conversa muito interesante entre ambos. Pessoalmente, admiro imenso von Trier, mas ao lado de PT Anderson, nem há comparação. O americano é bem melhor... ;-)
Olá Paulo,
Pois... Eu se tivesse de escolher entre o melhor filme de Trier (para mim, "Dogville" ou "Idiotas") e o melhor de PT Anderson (para mim, "Magnolia" ou "There Will Be Blood") não hesitava um segundo e escolhia o do americano. Mas posso dizer que muito me fascina o lado perverso dos retratos que Trier faz da humanidade. "Dogville" e o igualmente subvalorizado "Manderlay" são parábolas políticas que confrontam uma civilização (a norte-americana, mas, no limite, a ocidental) com as suas mais escondidas contradições, desmantelando as noções “sagradas” de democracia e o falso, porque apenas “retórico”, altruísmo dos seus paladinos. É isso que a personagem de Kidman elimina a sangue-frio na sequência final de "Dogville" e é isso que a personagem de Daniel Day-Lewis, sob a forma de libertação, tem em mente quando assassina barbaramente o pregador.
Abraço a todos
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