sábado, 21 de dezembro de 2013

Recorte de falas (XXXI): Escape Plan

O outro dia apanhei um ex-árbitro de futebol a dizer que a história das compensações é uma grande treta: se um árbitro erra para anular outro erro está apenas, muito simplesmente, a cometer dois erros. A reflexão é útil, faz sentido racionalmente, mas no cinema, por vezes, a lei das compensações funciona. Numa história de evasão presidiária - mais uma… - Sylvester Stallone, isto é, Ray Breslin, está algures entre o brutamontes e o MacGyver. Arnold Schwarzenegger, na pele de Swan Rottmayer, é o simples seguidor da arte da evasão de Stallone neste filme onde, de facto, a única coisa que coisa que se vende é ela: a evasão, a distração, o puro entretenimento vintage, numa espécie de reedição geriátrica de "Lock Up".

Stallone faz astrolábios com uma esferográfica e um pedaço de papel, arruma com um murro três ou quatro matulões, desmantela uma câmara de filmar ou mesmo todo o sistema de vigilância da prisão mais high tech do planeta, faz explodir um cargueiro com a precisão de dois ou três tiros disparados de um helicóptero… numa escada de resgate. A parte bruta de Stallone está marcada no seu rosto, no seu corpo, já a parte de astrónomo, demógrafo, químico, físico e informático de uma astúcia superhumana dificilmente convenceria se não se aplicasse, neste filme, um dado compensatório decisivo: em "Escape Plan" (2013), 50 Cent é o nerd informático de serviço. Ao pé disto (dele, digo), Stallone passa melhor por génio, num filme de gente indisfarçavelmente com mais massa muscular do que massa cinzenta.

Swan Rottmayer: You don't look that smart!

Ray Breslin: You don't either!

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