A comédia datada mas saudavelmente disparatada é de Blake Edwards. Chama-se "Switch" (1991) e conta-nos a história de Steve Brooks, um mulherengo chauvinista, sem consideração pelo sexo oposto, que acaba por fatalmente sofrer na pele a consequência dos seus actos pelas mãos de três das suas conquistas femininas, sendo que do purgatório Deus e o Diabo concordam com uma segunda chance na terra, uma oportunidade de redenção, mas agora no corpo de... uma mulher. Não é preciso revelar muito mais, porque a partir da premissa estapafúrdia Blake Edwards retoma os elementos típicos do seu habitat humorístico: comédia de sexos, ou "entre sexos", estrondosamente queer (relembro "Victor/Victoria") e, sobretudo, o prazer dionisíaco pela festarola.
Por vezes, parece que Edwards recorre a todas as diligências dramáticas para conduzir a acção ao maior número possível de festas, de alta-sociedade ou de baixa-sociedade. O gag encarrega-se de mandar abaixo toda e qualquer ritualização da vida social. É a costela tatiesca de Edwards, algo que faz do brilhante "The Party" um bom cartão de visita à sua obra. Posto isto, e pondo de parte - ou não - o party animalism de Edwards, recorto aqui uma pequena cena em que Margo Brofman, uma das vítimas do charme venenoso de Steve Brooks, é abordada por um eco-transeunte que a assedia com a sua eco-consciência. Tudo por causa de um sumptuoso casaco de peles que traz vestido. A resposta a esse assédio de rua é muito pouco… como dizer? Eco-lógica?
Fur Protestor: Do you know how many poor animals they had to kill to make that coat?
Margo Brofman: Know how many rich animals I had to fuck to get this coat?
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