Olho para o meu adversário e vejo um guarda-redes que não falha uma, mas, vamos lá ver, também não se conhecem grandes frangos dados pelo inexpugnável James Benning - né verdade?
Vejo também uma defesa menos "pesada" do que a minha; talvez, dou de barato, mais criativa do que a minha. Tanto Tourneur como Kazan souberam subverter dentro de certos limites os mandamentos do paradigma clássico e Ozu foi um moderno desde os seus filmes mudos. Jarmusch é um intérprete notável dos silêncios e linhas do cinema do mestre nipónico. Ao centro, o Modern Times FC tem, de facto, um regime de complementaridade que mete respeito.
Contudo, comparativamente, a minha defesa é old school, dura e não se dispersa tanto. Apetece dizer que para passar uma dupla como Ford-Eastwood, ser duro não chega.
No meio campo adversário, nitidamente, menos "garantístico" do que o meu, vejo jogadores de enorme peso - e confesso que um deles tentei em tempos seduzir para a minha equipa, mas em vão: Orson Welles. No entanto, se Kiarostami assegura as suas funções e Lang não sabe "arquitectar" mal o jogo, Welles é um indisciplinado, que muitos vezes não termina as jogadas que começa. Penso que o meu meio-campo ultra-seguro, com Rohmer a servir de tampão para a linha mais recuada da defesa, aguentará os embates.
Por fim, lá à frente, confesso que me sinto quase esmagado pela concorrência: qualquer um dos três avançados do Modern Times FC, Murnau, Fuller e o ponta-de-lança Nicholas Ray, cabiam perfeitamente numa equipa idealizada por mim. No entanto, não creio que se deva subestimar a capacidade criativa de um Godard, o mais vadio dos jogadores, ou a implacabilidade frente à baliza de um Kubrick. Só pecará o meu ataque pela declarada falta de "entrosamento" entre os dois.
Olhando "árvore a árvore" talvez a minha equipa fique a perder, mas não tenho dúvidas que olhando para a floresta, devido à solidez posicional dos seus jogadores, o CINEdrio FC sairá vencedor do desafio. Concorda?
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