segunda-feira, 7 de maio de 2012
Balanço IndieLisboa 2012 (I): organização
Pelo que pude assistir, esta edição do Indie teve um bom volume de público e, que eu saiba, as sessões terão ocorrido, na sua esmagadora maioria, como estava calendarizado.
Sente-se que este é um festival com uma dinâmica organizativa bastante bem montada, envolvendo várias pessoas que, invisivelmente, vão tornando o IndieLisboa num festival de sucesso há já 10 anos.
Fora os elogios mais do que merecidos a todos os que fizeram parte deste grande evento, deixo apenas uma ou outra crítica, isto é, coisas a afinar para futuras (e muito bem-vindas!) edições.
Primeiro, nesta edição, deparei-me com alguns cancelamentos de exibições, nomeadamente, de dois filmes que tinha planeado ver: "A Simple Life" de Ann Hui e "36 témoins" de Lucas Belvaux. Sei que outros filmes foram cancelados por razões, pelo que me apercebi, técnicas e, portanto, lá vem a frase da praxe, "alheias à organização". Apesar de perceber que deva ser complicadíssimo gerir e aferir a qualidade de todas as projecções - são centenas! - não quero perder esta oportunidade para deixar uma nota de lamento por este facto. A verdade é que, mesmo que, pelo menos, aqueles dois filmes em particular tenham sido reprogramados para outros dias, por razões de gestão do meu próprio calendário, não pude estar presente. Com estes cancelamentos - alguns anunciados no próprio dia da exibição -, tive de recorrer a planos B, antecipar certos visionamentos que já tinha nos meus planos ou ver filmes que tinha posto de lado. Acidentalmente, acabei por descobrir filmes interessantes como "Bestiário", mas, de qualquer modo, Ann Hui e Belvaux ficaram para outras núpcias.
Segundo, constatei que a acreditação de imprensa, ao contrário do que pensava, tem uma limitação incómoda: só posso levantar bilhetes até ao número de lugares disponíveis, não de toda a gente, mas especificamente ao número de lugares disponíveis que estão reservados à imprensa. Ou seja, nalguns casos vi-me forçado a comprar bilhete para assistir a filmes numa sala longe de estar cheia ou que apenas estaria cheia de acreditados da imprensa... Penso que, no futuro, seria melhor - para o bem da cobertura que fazemos do evento - não limitarem o número de bilhetes para jornalistas ou bloggers, isto é, só limitarem os bilhetes de imprensa ao número de lugares disponíveis. Ponto.
Terceiro, porque o CINEdrio acompanhou todas as sessões comemorativas da Viennale, menos a de "Daisies", tenho duas críticas a fazer. Se na segunda projecção desta secção, o público mereceu umas palavras prévias à exibição do filme (no caso, "Cuidado com Essa Puta Sagrada"), palavras aliás que apreciei bastante vindas de um dos programadores da Viennale, nas sessões seguintes não houve qualquer tipo de contextualização da sessão. Aliás, estranho esta situação, já que, na sessão de "The Last of England", me cruzei com o dito programador - ou parecia ele... - minutos antes do filme ter sido projectado. Parece-me que a organização do Indie falhou aqui.
Por outro lado, constatei que os trailers de um minuto (feitos para a Viennale) que eram mostrados antes de cada filme não batiam certo com o que estava programado no catálogo do festival, de tal modo que na sessão final (de Rithy Panh) vi pela segunda vez os mini-trailers de realizadores como Varda, Carax e Ken Jacobs. Ou seja, para além dos trailers não corresponderem com o anunciado, alguns foram repetidos, sem que houvesse, que me tenha apercebido, um aviso ou sinal de qualquer contratempo.
Quarto, uma ponderação que gostava de endereçar à organização: eu sou um fã absolutíssimo do cinema S. Jorge, aliás, penso que a primeira edição do Indie foi maravilhosa também por ter arrancado na sua sala grande, contudo, actualmente, estando o quartel-general do Indie sediado na Culturgest, pedia que reponderassem o mapa das salas e procurassem concentrar o Indie numa zona da cidade (Culturgest, Londres e Fórum Lisboa ou King seria a solução possível, aliás, não totalmente inédita). O risco de o S. Jorge cair, de novo, numa situação de abandono felizmente já não é tão grande, pelo que peço à organização que agilize esta situação, pensando exclusivamente no conforto dos seus seguidores. Só razões burocrático-administrativas ou até sentimentais podem, aliás, justificar esta dispersão do Indie pela cidade - para quem saltita de sessão em sessão, acredite, caro leitor, que não é fácil (nem barato)...
Posto isto, quero deixar uma palavra de grande agradecimento ao IndieLisboa, pela oportunidade que me deu para ficar a par de algum do melhor cinema independente - conceito difícil, que se estava a desfiar em edições anteriores, mas que nesta se reconsolidou - e transmitir as minhas impressões (em primeira mão) aos prezados leitores do CINEdrio. Um bem-haja pelo bom trabalho!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário