Filme-catástrofe de Jon Amiel que custou metade de um Roland Emmerich normal e que consegue ir mais ao "core" do género do que este alguma vez sequer tentou, "The Core" (2003) começa com alguns apontamentos cinéfilos interessantes - um remake de "The Birds" em Trafalgar Square, por exemplo - mas, sobretudo, sabe "lançar" as suas personagens, elas que são pessoas muito mais down to earth do que "transcendências de heroísmo" como nos filmes do outro senhor acima citado. E sabe lançá-las muito por mérito da rapidez com que o diálogo as "contextualiza", profissional e sentimentalmente. O excerto que se segue é exemplo, aliás, de como se pode matar dois coelhos com uma só cajadada: percebe-se que o doutor Josh Keyes se refugia numa frase de algibeira para "justificar" a ausência de amarras sentimentais (bonds) na sua vida - "sou casado com o meu trabalho" - e percebe-se logo que o outro cientista, o doutor Serge Leveque, tem uma visão refrescante sobre esse... cliché. Casado com o trabalho e amante da sua mulher, fórmula - científica? - para o sucesso de quem quer fazer a diferença na vida. Argutos brainy feelings.
Dr. Josh Keyes: I'm married to my work.
Serge Leveque: So am I. Which makes my wife my mistress. That's why I'm still in love with her.
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