Claro! Todos nós conhecemos mais ou menos o modelo do "falso-documentário" - que deve ter começado em "Haxan" e que, nos anos 60, atinge a apoteose com "The Connection" e que hoje vai até um "The Blair Witch Project". O que Imamura faz em "A Man Vanishes" é não isso, mas mais um "documentário falso", quer dizer, o caso que ele investiga - o desaparecimento de um homem - é factual, mas nunca o dispositivo do cinema é camuflado na sua intervenção sobre a realidade, na realidade, é mesmo exibido e "exponenciado". (É ele que "falsifica" propositadamente os factos documentados...)
Na cena do still, há um diálogo muito intenso - que poderá desvendar quem está por trás do dito desaparecimento - que se prende com a verdade ou mentira de um dos testemunhos. De súbito, o realizador intervém para dizer: "mas isto tudo é ficção". A câmara afasta-se e percebemos que a conversa decorreu toda dentro de um cenário de estúdio, que acaba por ser desmontado à nossa frente, à medida que a câmara faz o zoom out.
Penso que já conheces "A Man Vanishes". Ora, em "The Holy Mountain", filme completamente diferente - dentro do espírito místico-escatológico do seu realizador, o chileno Alejandro Jodorowsky - uma cena parecida acontece, mesmo no fim. O grande mestre espiritual que chefia o grupo de guerreiros cósmicos, sentado na mesa, disserta sobre o que é real e o que é ficção, melhor, o que é verdade e o que não é verdade. De repente sai-se com a frase "Is this reality? No, it is a film. Zoom back, camera!" E acontece, em certa medida, o mesmo que acontece no filme de Imamura...
2 comentários:
Hum...conheço os filmes citados acima, mas o que está logo abaixo ainda não pude assistir, e fiquei curioso, poderia explicar melhor isso?
Claro! Todos nós conhecemos mais ou menos o modelo do "falso-documentário" - que deve ter começado em "Haxan" e que, nos anos 60, atinge a apoteose com "The Connection" e que hoje vai até um "The Blair Witch Project". O que Imamura faz em "A Man Vanishes" é não isso, mas mais um "documentário falso", quer dizer, o caso que ele investiga - o desaparecimento de um homem - é factual, mas nunca o dispositivo do cinema é camuflado na sua intervenção sobre a realidade, na realidade, é mesmo exibido e "exponenciado". (É ele que "falsifica" propositadamente os factos documentados...)
Na cena do still, há um diálogo muito intenso - que poderá desvendar quem está por trás do dito desaparecimento - que se prende com a verdade ou mentira de um dos testemunhos. De súbito, o realizador intervém para dizer: "mas isto tudo é ficção". A câmara afasta-se e percebemos que a conversa decorreu toda dentro de um cenário de estúdio, que acaba por ser desmontado à nossa frente, à medida que a câmara faz o zoom out.
Penso que já conheces "A Man Vanishes". Ora, em "The Holy Mountain", filme completamente diferente - dentro do espírito místico-escatológico do seu realizador, o chileno Alejandro Jodorowsky - uma cena parecida acontece, mesmo no fim. O grande mestre espiritual que chefia o grupo de guerreiros cósmicos, sentado na mesa, disserta sobre o que é real e o que é ficção, melhor, o que é verdade e o que não é verdade. De repente sai-se com a frase "Is this reality? No, it is a film. Zoom back, camera!" E acontece, em certa medida, o mesmo que acontece no filme de Imamura...
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