"The Great Gabbo" (1929) de James Cruze
"The Beaver (2011) de Jodie Foster
(Era na Film Comment que lia há pouco tempo qualquer coisa assim sobre "Ted": "pelo menos é melhor que "The Beaver"". A crítica norte-americana, mesmo a mais "selecta", cede muito fácil e condescendentemente à generalizada infantilização da sociedade norte-americana quando decide tomar partido, nem que indirectamente, pela consagração moral do adulto-que-não-cresce, isto é, pela vitimização lacrimejante do adulto-que-não-sabe-ser-adulto. "Ted" é isso e só serve para isso - depois espantem-se que andem aí uns estudantes de doutoramento de "quadro de honra" que acham que são e por isso se comportam como o Joker... "The Beaver" é um filme, ao invés, sobre um adulto que para voltar a ser adulto tem de "regressar" à criança que está lá atrás, bem enterrada. O tom é sério, gravoso e a condição do protagonista tratada como tal. Não há desculpas, numa sociedade sã, para que um adulto recuse a responsabilidade de "ser adulto".)
2 comentários:
Não vi nenhum dos filmes mas a mim parece-me que a questão da infantilização é menos uma questão de condescendência e mais uma inevitabilidade. Quando cresces e tudo está feito, a andar, tudo é decidido sem ti e além disso tens recursos para sobreviver, não há espanto que cresças mantendo a dependência da criança. Além disso, a valorização da ingenuidade infantil parece ser decisiva para muitos prolongarem esse traço como algo cool.
Mas aqui a questão nem é tanto de "ingenuidade infantil" ou do "espírito de criança" ou do "homem-criança" de Baudelaire, não, aqui o que se passa é o triunfo do adulto que indolentemente não quer crescer.
Dito de outra maneira, se no filme com o Stroheim e no filme da Jodie Foster, o protagonista "tem um problema", no filme do McFarlane, quem tem o problema é ELA, a companheira do protagonista "infantilizado". Esta inversão é, quanto a mim, uma tentativa "ideológica" de normalizar, até de VITIMIZAR!, os adultos "feitos Joker" deste mundo.
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