domingo, 28 de julho de 2013

Camille Claudel, 1915 (2013) de Bruno Dumont


Os anos do asilo de Camille Claudel ou como a desesperança/esperança se alimenta da fé em Deus. O novo filme do cineasta francês Bruno Dumont - que mereceu uma retrospectiva na edição anterior do festival New Horizons - problematiza um assunto já não tão novo e fresco na sua filmografia. É interessante como este filme frustra as expectativas do género biopic, ao se centrar em não mais do que uma fase da vida da célebre escultora francesa que (quase certo) estaria reduzida a dois ou três planos num tradicional filme biográfico.

Temos aqui uma mise en scène levada ao mínimo - talvez o efeito mais espampanante seja o rosto de Binoche - que sustenta um igualmente reduzido número de situações dramáticas, sendo que de novo uma personagem num filme de Dumont se confessa de frente para a paisagem, para um ícone religioso, ou no limite para nós espectadores, o último ecrã para o qual se projectam estes rostos acossados pela dúvida, pela culpa, pela dor e pelo medo. Decerto nada de muito novo na economia dumontiana, que aqui parece estagnar e não conseguir ir além (ou aquém) do mistério magnificamente exorcizado em "Hors satan".

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