segunda-feira, 29 de julho de 2013

Noche (2013) de Leonardo Brzezicki


Na senda de Lisandro Alonso e Carlos Reygadas, Leonardo Brzezicki encontra na Natureza espaço de meditação (e experimentação) sobre as estruturas da linguagem fílmica. Todavia, se Lisandro trabalha a linearidade, o percurso no espaço (o todo), a solidão do homem (o ponto), se Reygadas gosta das elipses especulativas, da distorção de imagens arrancadas do coração da Natureza, Leonardo vai-se aproximar deste último - não tanto do seu compatriota, portanto - para produzir um ensaio sobre o som no cinema, como uma espécie de potência adormecida que vive na sombra da e que assombra a floresta.

Decalcando a papel vegetal os travellings levitantes de Tarkovski, explorando a dimensão mítica da paisagem natural próxima de Reygadas e Apichatpong, mas também convocando os demónios (as catástrofes!) da Natureza e da natureza humana, como faz um Lars von Trier em "Antichrist" ou "Melancholia", "Noche" procura dar um passo em frente através da montagem e do design de som. Da montagem, consegue-o notavelmente em sobreimpressões impressionantes que tornam indistinguível, à primeira vista, o ponto de união/separação entre imagens. Do som, o grande protagonista neste filme, não produz resultados mais interessantes que um Apichatpong.

Ao mesmo tempo, encontro aqui alguns dos problemas que detecto, por exemplo, em "Post Tenebras Lux": o lado elíptico "com água no bico", o transcendentalismo/universalismo enigmático e auto-referencial, a indiferença pelas personagens e o gosto (ideológico) pela exaltação naturalista dos corpos, da violência e do sexo (= o mundo originário...). Eis uma primeira obra que é mais um sintoma gasto do cinema contemporâneo do que uma (pretendida) actualização desta metafísica do e pelo primitivo.

Sem comentários:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...