Tenho ido cada vez menos vezes ao site RottenTomatoes para ver como é que a crítica norte-americana reage às estreias da semana nos States. Mas ultimamente tenho feito questão de tornar quase semanais as visitas à página com as críticas ao último filme de M. Night Shyamalan, "The Last Airbender".
O balanço é, até agora, o pior de sempre na carreira do realizador, batendo os fracassos monumentais de crítica que foram "The Village", depois "Lady in the Water" e, bem lá no fundo, "The Happening". Não sou um entusiasta deste último filme, mas gosto cada vez mais dele - por causa da sequência da pistola e porque entretanto vi "The Wind" de Sjostrom. Quanto aos outros dois, considero filmes maiores do cinema norte-americano dos últimos anos, sobretudo, "Lady in the Water", que é, para mim, a fábula que Spielberg nunca poderia ter feito ou que teria feito se tivesse tomates para isso. (E já li também um excerto de um crítico que diz que "The Last Airbender" é Shyamalan a tentar ser Lucas! Por favor, não me façam rir: há mais cinema num frame de "Signs" que na obra toda do Lucas.)
Bem, de qualquer forma, "The Last Airbender" parece ser a gota de água junto da crítica norte-americana; a partir de agora, Shyamalan deverá estar condenado à proscrição, como aconteceu com De Palma e Carpenter. Reconhecidos fora de portas, escorraçados dentro. Shymalan arrisca-se a levar tudo isto a uma nova dimensão, ao não renunciar em experimentar novos ângulos de câmara, dinâmicas narrativas e ao desafiar as convenções do cinema mainstream ao ponto de pôr em sério risco os seus níveis de popularidade.
É que "The Last Airbender" tem sido, de facto, massacrado: entre os críticos melhor cotados, o filme teve o incrível saldo de 7% de críticas positivas, ou melhor, 27 análises negativas e apenas 2 positivas. Isto é mau sinal? Nem por isso, pelas razões que já deixei implícitas atrás: veja-se como obras-primas suas foram tratados pelos mesmos senhores. O conteúdo destas análises também merecem alguma desconfiança, pela forma como histrionicamente espelham a incapacidade do seu redactor em lidar com a "estranheza" de um cinema para o grande público feito por um não-tarefeiro que desafia as normas. Ao ponto de Richard Corliss da TIME Magazine, por exemplo, recomendar quase que o segundo filme desta saga (baseada nuns desenhos animados da Nickelodeon) seja entregue a um realizador "eficiente", que, ouso ler nas entrelinhas, não invente: "Please, Hollywood, if there's to be another Airbender movie, hand the job to some efficient hack, and not to a once mesmerizing artist who's lost his way". Esta tem sido a atitude típica da mais conformista fatia da crítica norte-americana, que não consegue digerir o que não segue as receitas do cinema fast food, standardizado ou feito em cadeia.
Outro exemplo que me faz arrepios na espinha é este: "This is bad filmmaking and bad storytelling. It also sounds what should be the death knell to M. Night Shyamalan's career". James Berardinelli é o autor destas palavras e, apesar de não ter visto ainda o filme em questão, pergunto-me de onde veio o deleite desta gente em prenunciar "fins de carreiras" ou colar a etiqueta de "tipo que não sabe o que está a fazer" a alguém como Shyamalan. Acho que Berardinelli devia estar a dormir quando os minutos inicias de "The Happening" e os finais de "Lady in the Water", isto a título de exemplo, lhe passaram pelos olhos.
Tom Long diz o seguinte: "Stiff, fuzzy-looking, cloddish and disastrous in nearly every way, The Last Airbender looks as if it could have been made by the spoiled son of a studio mogul willing to waste gobs of money". Sinceramente, esta argumentação então é mesmo um asco: Shyamalan, o delapidador de dinheiro, o megalómano mimado com a mania que é... sei lá, um Steven Spielberg? Mas alguém duvida que o dinheiro não tem absolutamente entrado na equação de Shyamalan desde o o seu filme mais convencional, o tão elogiado por ESTA crítica "The Sixth Sense"? É por estas que Shyamalan, muito prescientemente, concebeu esta sequência de génio.
Bem, de qualquer forma, "The Last Airbender" parece ser a gota de água junto da crítica norte-americana; a partir de agora, Shyamalan deverá estar condenado à proscrição, como aconteceu com De Palma e Carpenter. Reconhecidos fora de portas, escorraçados dentro. Shymalan arrisca-se a levar tudo isto a uma nova dimensão, ao não renunciar em experimentar novos ângulos de câmara, dinâmicas narrativas e ao desafiar as convenções do cinema mainstream ao ponto de pôr em sério risco os seus níveis de popularidade.
É que "The Last Airbender" tem sido, de facto, massacrado: entre os críticos melhor cotados, o filme teve o incrível saldo de 7% de críticas positivas, ou melhor, 27 análises negativas e apenas 2 positivas. Isto é mau sinal? Nem por isso, pelas razões que já deixei implícitas atrás: veja-se como obras-primas suas foram tratados pelos mesmos senhores. O conteúdo destas análises também merecem alguma desconfiança, pela forma como histrionicamente espelham a incapacidade do seu redactor em lidar com a "estranheza" de um cinema para o grande público feito por um não-tarefeiro que desafia as normas. Ao ponto de Richard Corliss da TIME Magazine, por exemplo, recomendar quase que o segundo filme desta saga (baseada nuns desenhos animados da Nickelodeon) seja entregue a um realizador "eficiente", que, ouso ler nas entrelinhas, não invente: "Please, Hollywood, if there's to be another Airbender movie, hand the job to some efficient hack, and not to a once mesmerizing artist who's lost his way". Esta tem sido a atitude típica da mais conformista fatia da crítica norte-americana, que não consegue digerir o que não segue as receitas do cinema fast food, standardizado ou feito em cadeia.
Outro exemplo que me faz arrepios na espinha é este: "This is bad filmmaking and bad storytelling. It also sounds what should be the death knell to M. Night Shyamalan's career". James Berardinelli é o autor destas palavras e, apesar de não ter visto ainda o filme em questão, pergunto-me de onde veio o deleite desta gente em prenunciar "fins de carreiras" ou colar a etiqueta de "tipo que não sabe o que está a fazer" a alguém como Shyamalan. Acho que Berardinelli devia estar a dormir quando os minutos inicias de "The Happening" e os finais de "Lady in the Water", isto a título de exemplo, lhe passaram pelos olhos.
Tom Long diz o seguinte: "Stiff, fuzzy-looking, cloddish and disastrous in nearly every way, The Last Airbender looks as if it could have been made by the spoiled son of a studio mogul willing to waste gobs of money". Sinceramente, esta argumentação então é mesmo um asco: Shyamalan, o delapidador de dinheiro, o megalómano mimado com a mania que é... sei lá, um Steven Spielberg? Mas alguém duvida que o dinheiro não tem absolutamente entrado na equação de Shyamalan desde o o seu filme mais convencional, o tão elogiado por ESTA crítica "The Sixth Sense"? É por estas que Shyamalan, muito prescientemente, concebeu esta sequência de génio.
3 comentários:
Quanto mais batem nele, melhor ele é, de facto. Ainda não vi este último, mas Shyamalan é certamente um dos meus cineastas favoritos lá da fabricazita deles, chamada Hollywood.
Concordo. Shyamalan é, para mim, o realizador mais interessante da última década, ao lado de Pedro Costa, Van Sant, Tarantino e Kechiche.
Mais de uns do que de outros ainda não houve nenhum filme de Shyamalan de que eu não gostasse. Para este tinha, sinceramente, baixas expectativas. Estas más críticas só me alteram o estado de espírito.
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