Jacinta: Depois dos minetes, éramos obrigadas à leitura de poemas. Horas e horas a fio, com as armas e os barões assinalados para trás e para frente. Que seca! Mas o pior era quando ele se punha a andar dum lado para o outro e começava a arrotar postas de pescadas, com maus modos: 'Só sabem é fazer olhinhos e pestanejar, julgando-se belas, talvez. É por estas e por outras que o cinema chegou ao estado a que chegou.' Nós começávamos a fazer beicinho e a ficar nervosas, completamente destroçadas. Era então que sobrevinha a fúria. Parecia fora de si, transfigurado os olhos raiados de sangue. Dava-lhe uma na veneta e descompunha-nos, em altos gritos: 'Nunca terão o garbo da Greta nem sequer a greta da Garbo!'
João Vuvu: Um tiranete pouco estimulante, em suma. E ao menos pagava?
Jacinta: Nunca vi cheta.
(Muito obrigado ao meu amigo Francesco Giarrusso, o maior experto em César Monteiro, pelo fino recorte.)
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